quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O atalho é um caminho mais longo




“ Tudo Pelo Social é impossível. Alguma coisa terá que ir pelo elevador de serviço”    


O resgate da dívida social do Brasil é urgente e imprescindível. Esse Pais que sempre soube vencer seus desafios agora tem pela frente um enigma para o qual quatro gerações de ideólogos, do vermelho sangue ao verde oliva, não encontraram resposta satisfatória. Com 2.200 dólares de renda per capita muitos dos problemas sociais que nos afligem já deveriam ter sido resolvidos. Países com renda equivalente possuem índices de escolaridade, saúde pública e nutrição muito superiores aos nossos. Na década de 50 ainda era Possível ironizar as utopias distributivistas da onírica esquerda brasileira. Afinal, o único especialista em distribuir pães sem antes tê-los produzido já falecera há dois mil anos e, depois dele, a multiplicação de pães só vem podendo ser feita através da prévia multiplicação das padarias. O incremento da produção, durante três décadas, foi uma bandeira quase que unânime da sociedade. Hoje, infelizmente, para contentar a todos necessário erguer mais alguns mastros.

A eternamente mal-humorada esquerda brasileira não tem razão quando alega que a miséria, no Pais, aumentou. A taxa de mortalidade infantil, que na década de 40 era de 25% , caiu para 7%; a expectativa de vida, que naqueles “anos dourados” era de 40 anos, hoje é de 63 . O analfabetismo, que foi superior a 50%, atualmente ronda a faixa dos 15 a 20%. O número de universitários decuplicou, o número de vagas escolares, proporcionalmente à população de faixa etária adequada, aumentou sensivelmente. Temos um leito hospitalar para cada 300 habitantes (1/1000,em 1940), e um médico para cada 750 habitantes (1/2500 em 1940). Os índices de saneamento básico também apresentaram sensível melhora e, qualquer outro indicador sério e confiável que se analise demonstrará avanços através do tempo.Por que, então, a atual preocupação com a miséria?Por uma razão simples. Na dourada década de 40 a miséria estava convenientemente longe dos olhos da opinião pública. Confinava-se no interior do Brasil, a uma razoável distância dos centros urbanos, onde uma classe media próspera vivia suas aspirações de grandeza sem maiores comprometimentos com as mazelas nacionais. Hoje não. A concentração da população nas metrópoles trouxe os miseráveis e maltrapilhos para a esquina de nossas casas. Não podemos mais ignorá-los. Eles estão em favela do nosso bairro, no semáforo da nossa rua, no assalta à nossa casa. Apesar de ser menor do que no passado, hoje, eles estão, com seu colorido dramático. O que fazer então?
A caridade, nas suas mais diversas modalidades, apesar de ser uma excelente solução para a auto absolvição de cada um, não resolve eficientemente o problema. Repressão e confinamento também não adianta. A não ser que queiramos criar aqui uma nova África do Sul. Enquanto cruzamos os braços, sem saber como proceder, as esquerdas, espertamente, avançam.Suas soluções são tão desconcertantes quanto as nossas. Não acabam com a pobreza e sim com a riqueza. Falam em dividir os campos. O resultado prático é a exportação da miséria de volta à zona rural. Propõem aumentar drasticamente o salário mínimo. Conseguirão apenas incrementar o desemprego e o subemprego. Tentam, através do incitamento a greves e passeatas, promover a ascensão social que, reza o bom senso, só pode ser obtida através do trabalho e do esforço pessoal. Pretendem apagar o fogo através de baldes de gasolina.Permeando os equívocos da esquerda e da direita está o Estado, cujos dirigentes, de forma canhestra e desastrada, esperam equacionar o problema da miséria através do ópio paternalista. Ao mesmo tempo em que distribuem o leite, desincentivam a proliferação das vacas. Quanto mais procuram baratear os alimentos, através de tabelamentos de preços, mais os encarecem através da desmontagem da estrutura produtiva. Prometem casa para todos e arrasam a construção civil, querem aumentar o numero de empregos mas, simultaneamente, aumenta os encargos trabalhistas. O povo talvez vivesse melhor não fossem tantos os seus pretensos defensores…
Há quem diga que, frente a tamanha competência, se entregassem o governo brasileiro a administração do deserto do Saara, em poucos anos iria faltar areia.Eivada por tão desastrosos equívocos, lentamente a nação vai amadurecendo para a aceitação de soluções racionais e anti-demagógicas.Estamos todos à procura de dirigentes que, finalmente, nos prometam o óbvio. Alguém que acredite, por exemplo, que sem trabalho não há progresso, sem sacrifício não há desenvolvimento, sem austeridade não se chega à prosperidade. Alguém que abdique da popularidade imediata em nome do prestigio permanente. Alguém, enfim, que proclame aos quatro ventos aquilo que todos nós já sabemos intimamente: merthiolate que não arde, infelismente também não cura. Governar não é tornar medidas simpáticas e sim necessárias, não se promove o “social” através de um minuto de heroísmo mas através de milhares de dias de trabalho incessante. Não se obtém a independência erguendo-se a espada, mas sim manejando-se a enxada.
Deixemos os heróis confinados às praças. Os pombos cuidarão deles. Precisamos hoje é de homens racionais, sensatos e realistas.Como dizia o filósofo, um povo que precisa de salvadores não merece ser salvo. Não ha soluções milagrosas. Queremos ir ao céu sem passar pelo purgatório. E enquanto não encontramos um jeito, continuamos por aqui, queimando no inferno.

Artigo escrito em 17 de março de 1989. Extraído do livro Nu com a mão no bolso.

sábado, 4 de setembro de 2010

Semana da Pátria...

Independência?

Participando das comemorações da "Semana da Pátria", organizado pelo Dpto de Educação, nesta semana, um discurso muito me chamou a atenção.... o da Diretora da E.M. Profa. Benedita Camargo Valêncio, a Sra. Cristiane Senne de Oliveira. O qual publico aqui no Blog, para reflexão de todos....

"Dia da Pátria! Dia de recordações e dia de esperanças! Do Brasil de ontem para o Brasil de amanhã, pois  podemos contemplar a gloriosa caminhada feita para dela aprendermos a caminhada a fazer.
Este dia não é só de rememoração de glórias, mas também de renovação de esperanças. Porque, positivamente não há, no Brasil, lugar para o desespero, para o desencanto, para o tédio, da vida, para o horror à vida. Toda a experiência brasileira induz ao otimismo, toda a obra de civilização do Brasil tem servido para libertar do pessimismo a consciência brasileira.
Para a verdadeira independência é indispensável o fim dos contrastes, infelizmente é lamentável o abismo que se alarga entre ricos e marginalizados no país, entre aqueles a quem não falta pão e aqueles que não obtêm senão migalhas.
A independência do Brasil é um símbolo da conquista da autonomia política e administrativa do país, é indispensável que à democracia política correspondam a democracia econômica e a democracia social.
De todos os grandes trunfos como povo, nenhum outro excede à consolidação da democracia política, hoje realidade incontestável. Porém, é preciso fazer muito mais do que garantir a plena normalidade constitucional e as liberdades individuais e coletivas, é preciso  alterar as diferenças positivamente.
O abismo que se alarga entre ricos e marginalizados no país, entre aqueles a quem não falta pão e aqueles que não obtêm senão migalhas, tem origem nas circunstâncias políticas, econômicas e sociais inclusiva da nossa Independência, que foi proclamada preservando-se, por exemplo, a instituição escravista.
Não fomos, no nascedouro, um país de homens livres, mas uma nação em que seres humanos ainda eram explorados duramente e reduzidos à condição de meras mercadorias.
Essas situações devem ser encaradas com determinação e coragem moral, pois não se constrói o futuro de uma sociedade sobre o fundamento de injustiças históricas, cuja carga de perversidade se estende até o presente.
Não pode haver maior prioridade governamental do que a redução do que separa os detentores da riqueza dos eliminados de toda esperança.
Não é admissível que, milhões de pessoas sobrevivam abaixo da linha da pobreza.
Todas as crises pelas quais está passando o Brasil, e que dia a dia sentimos crescer aceleradamente - a crise política, a crise econômica, a crise financeira - não vêm a ser mais do que sintomas, de uma suprema crise, a crise moral.
É recusavel aceitar aqueles que silenciam e, portanto, se acumpliciam. Discordar em silêncio pouco adianta.
Nós brasileiros, de um modo geral, ainda não nos apercebemos do fato de que para melhorar nosso país, precisamos abrasileirar o Brasil e que, para tanto, um pouco de civismo e de brasilidade serão ferramentas necessárias e fundamentais.
Não sabemos o verdadeiro valor da independência do nosso país, pois ela não foi  conseguida com muita luta, ao contrário ,  foi decretada pelo próprio imperador. Entretanto, isso não a torna menos importante.
No Brasil,  infelizmente, o dia 7 de setembro é apenas mais um feriado e, pior ainda, quando cai numa segunda ou sexta-feira, a grande maioria das pessoas aproveita o “feriadão”, mas ninguém se lembra e nem discute a importância da data que concede direito ao feriado.
 A Independência do Brasil é o marco maior da História Brasileira, ela foi o sonho dos inconfidentes, foi o desafio pátrio de Dom Pedro, que, mesmo sendo português, houve por bem tirar o Brasil do domínio de Portugal. Que fatos o teriam levado a proclamar a Independência?
 Os motivos que culminaram com a Independência, hoje são meros relatos nos livros de História, que os alunos ouvem e esquecem logo depois. Parece até que esses motivos não têm nenhuma relação real com a vivência dos dias atuais, o que é um erro lamentável, pois a História é um eterno continuar e é somente conhecendo o passado que se pode fazer o presente e projetar o futuro.
Um país que quer ser grande tem que comemorar suas datas cívicas. Talvez a situação problemática do país esteja relacionada, de alguma forma com a falta de civismo.
Pois é, enquanto continuarmos a achar que o dia 7 de setembro é só mais um feriado, estaremos adiando a nossa verdadeira independência, que está acima das questões econômicas, políticas e sociais. Refiro-me a independência moral, aquela que nos coloca à frente das questões que nos afligem de uma forma explícita e que só conseguiremos alcançar se tivermos uma postura ética e determinada, em relação aos problemas brasileiros.
Um país que não comemora suas datas cívicas possui uma nação que não tem sentido e que não se identifica com a terra onde nasceu. Somos brasileiros, nascemos no Brasil. Então, vivamos toda a brasilidade possível, pois só assim seremos um país forte, independente de quem esteja no governo.
Nada há como o sonho para criar o futuro, ninguém irá além do que enxergarem seus olhos. Por isso, à todos os presentes, que hoje, talvez mais que ontem, precisamos sonhar, mas não é só isso, precisamos sonhar, e ousar mais, e realizar mais.
Precisamos nos perguntar  quem somos e o que temos feito? Precisamos dar continuidade à história da nossa independência, e essa grande missão, irrenunciável, devemos exercer colocando tudo quanto somos no mínimo que fazemos. Foi uma mentalidade assim que nos garantiu glória no passado e que nos assegurará paz no futuro!
Em 7 de setembro de 1822, há exatamente 188 anos, D. Pedro I, um rapaz com menos de 24 anos e que começara a governar o país como regente aos 22, proclamava a nossa independência. Só dá para imaginar que esse jovem era um governante muito à frente do seu tempo - e, de fato, o era -, pois, antes, já afrontara os valores da escravidão, atitude que, à época, significava andar na contramão da história e do poder
Volto, então, a perguntar: quem somos e o que temos feito? Precisamos dar continuidade à história da nossa independência, e essa grande missão, irrenunciável, devemos exercer colocando tudo quanto somos no mínimo que fazemos. Foi uma mentalidade assim que nos garantiu glória no passado e que nos assegurará paz no futuro! 

FELIZ 7 DE SETEMBRO A TODOS !!! "