domingo, 23 de setembro de 2012

Carpe Diem

Em noites de céu apagado... desenho as estrelas no chão!

Nos últimos dias pensei em desistir de tudo, até mesmo desse blog (apesar de estar  sempre desatualizado...rsrsrs), mas ainda não desisti.  Mas desisti de outras coisas que eram importantes para mim... mas o que realmente eu procurava era desistir de mim mesma, de vergonha das minhas limitações, das minhas dificuldades, minhas misérias humanas...
Mas Deus mais uma vez venho em meu encontro... hoje quando acordei peguei um dos vários DVD’s de palestras que trouxe do último fds que estive na Canção Nova, e fui  assistir, o tema deste DVD é: ‘Tomar Posse do que Sou’, do padre Fábio de Melo. Vocês não imaginam o quanto Deus falou comigo... 
Enfim, a cada dia mais buscarei a verdadeira intimidade com Deus, sem hipocresias, como eu sou: com defeitos, muitas falhas, chorona, manhosa... e creio que serei transformada por Ele a cada dia! Serei um vaso nas mãos do oleiro!

“Não vos lembreis mais dos acontecimentos de outrora, não recordeis mais as coisas antigas, porque eis que vou fazer obra nova, a qual já surge: não a vedes? (Is 43, 18-19)




Abaixo transcrevo alguns trechos desta homilia do padre Fábio, para reflexão:

“Uma das coisas que mais impressiona em Jesus é a sua capacidade de fazer o outro, de encontrar aquela pessoa e de fazê-la tomar posse do que ela é – sejam suas vergonhas, suas qualidades, mas tomar posse do que se é.
Ser pessoa é antes de qualquer coisa a disposição, isto é, eu estou a minha disposição, eu sei lidar comigo, eu sei quem sou eu.
Tenho diante de mim os meus limites, as minhas qualidades e percebo que ser gente vale a pena. Ser gente na luta cada vez maior de dispor do que eu sou. Não pode haver ser humano realizado, feliz, nem cristão, se não existe a busca daquilo que se é.
Eu tenho limites, eu tenho qualidades e defeitos e isto é ser o que eu sou. Não vou ficar imaginando e não tenho o direito de deixar que alguém me imagine. Você é  o que você é e a sua conversão passará por esta compreensão. Eu sou isto! Tomo posse da minha verdade.
Jesus no momento em que encontra Maria perdida no meio do povo, pronta para ser apedrejada, Ele não a imagina e nem permite que ela se perca na imaginação daqueles que estão ao lado dela.
Ali havia uma realidade concreta: uma prostituta foi pega em adultério e deveria pela lei, ser apedrejada. Jesus faz com que aquela mulher volte a dispor de si. Volte ao primeiro movimento da vida de Deus nela. ‘Eu sou um ser humano, eu sou uma filha especial para Deus, e eu não tenho o direito de me projetar nessa imaginação que a vida fez de mim. Tornei-me prostituta, mas eu não nasci para ser’.
É como se naquele momento ela voltasse a dispor do que ela era, voltasse à primeira condição – a realidade mais original que aquela criatura tinha dentro dela.
No momento em que o outro chega, ou nós ajudamos a dispor de si ou nós vamos impedir a disposição do que ela é.
Você sabe quem é você!  Agora eu pergunto: o que você está fazendo do que você sabe que é?
Uma coisa é saber quem nós somos, outra coisa é nós sabermos o que estamos fazendo com o que nós somos. E o pior, o que estamos deixando que o outro faça de nós, porque tem muita gente imaginando você.
Algumas pessoas me imaginam... mas eu sei quem eu sou! E não tenho o direito de me transformar na imaginação do outro, pois pode ser que o outro esteja me imaginando totalmente diferente do que Deus me fez.
E entre o que Deus me fez e o que o outro me imagina, eu prefiro ficar com o que Deus me fez.
E se você assume o compromisso de saber o que Deus fez de você, o que Deus faz com você, então começará a trabalhar na parceria com Ele: ‘Senhor eu sei o que você me fez, o que você me deu e agora eu sou operária daquilo que você me fez’.
O que Deus criou não está pronto, é como se Ele nos entregasse todas as sementes para uma floresta, agora o plantio é seu! Deus não vem plantar a sua floresta, Deus lhe dá as sementes e agora o plantio dela é obrigação sua!
Nós vamos sendo o que Ele é em nós, é mistura, isto é arte! E essa é a mais difícil de todas as artes, se você precisa ensaiar mil vezes uma coreografia para que ela possa ficar harmoniosa, se precisa treinar mil dias para poder ter um conhecimento específico de um determinado instrumento de arte... Para ser gente esse treino não está classificado em dias, nem em meses, é a vida inteira. Dessa arte nós vamos ter que morrer com ela. Arte de ser o que somos. E ser pessoa requer arte!

Há um lamento nordestino que diz:

‘Não sou perfeito
Estou ainda sendo feito
E por ter muito defeito
Vivo em constante construção
Sou raro efeito
Não sou causa e a respeito
Da raiz que me fez fruto
Desfruto a divina condição

Em noites de céu apagado
Desenho as estrelas no chão
Em noites de céu estrelado
Eu pego as estrelas com a mão
E quando a agonia cruza a estrada
Eu peço pra Deus me dar a sua mão...’

Se você quiser afirmar sem medo uma verdade antropológica, essa é a verdade: ‘Da raiz que me fez fruto, desfruto a divina condição’. Você é divino. Pode parecer heresia isso, mas é São Irineu quem nos ensina. É a teologia patrística que nos ensina dizer que nós somos deuses. Sabe por quê? Porque Deus é em ti. Porque Deus é em mim. O ser humano é o Tu de Deus. Deus acontece plenamente num coração, quando ele se dispõe a ser o que Deus é, quando ele faz da arte de desafiar-se, de vencer-se nas suas misérias, nos seus ciúmes, mas suas limitações e faz o desafio de que Deus aconteça aí, agora, nesta história, em você, em mim!
Não é nenhuma pretensão. É você sendo Deus na vida do próximo. Isso não é assumir uma divindade à parte. Não! A nossa divindade só acontece na participação, na comunhão com Aquele que É!